70 ANOS DO LIVRO “GEOGRAFIA DA FOME”


Esse ano, o livro, Geografia da Fome, escrito pelo pernambucano Josué de Castro completa 70 ano. Uma obra que ganhou uma grande relevância para o campo da ciência e das análises sociais, sendo traduzida para mais de vinte idiomas, tornando o seu autor conhecido internacionalmente.

Josué de Castro foi um médico e geógrafo pernambucano que teve sua vida marcada pela produção intelectual, militância política e inserção nas lutas sociais, principalmente devido aos seus estudos acerca do fenômeno da fome e suas implicações sociais. Foi embaixador do Brasil na ONU e Deputado Federal pelo PTB no final da década de 1950.

Em 1946, publicou a obra que o tornou um dos pensadores mais importantes do pensamento geográfico brasileiro, Geografia da Fome. Obra que ainda influencia vários estudos sobre a temática, e que trás para essa discussão questões políticas e sociais. O livro procura desmascarar o problema da fome a partir de estudos voltados a questões estruturais da sociedade brasileira. Para isso, o autor mobiliza conceitos científicos importantes como fome endêmica e epidêmica, mosaico alimentar brasileiro e apresenta uma espécie de cartografia da fome no país.

Um dos pontos mais relevantes dessa obra se estabelece pela sua capacidade crítica de mostrar que a constituição da fome e da miséria no país, são fenômenos que vão para além da questão da disponibilidade de alimentos produzidos ou de recursos disponíveis, mas que estão alinhados ao processo de distribuição de riquezas historicamente estruturado no país, mobilizando assim nessa discussão, a necessidade de reformas estruturantes, inclusive a reforma agrária.

Temos aqui um importante livro, que deve ser lido e discutido pelos brasileiros, principalmente nas escolas e universidades, pois trás elementos que fortalecem a discussão sobre a construção de outra lógica de sociedade. Além disso, também é fundamental frisar que, visto o atual contexto político, Geografia da Fome torna-se mais do que nunca uma leitura obrigatória aos brasileiros, pois mostra muito bem qual o verdadeiro projeto político que o país necessita e como a atual luta em defesa da democracia deve ser encarada como um fator relevante para avançarmos rumo à construção de um projeto nacional de desenvolvimento e soberania para o Brasil. Salve o nosso Josué de Castro, intelectual e herói do povo brasileiro!

DOCUMENTÁRIO: ALANIR CARDOSO, O HERÓI VIVO DO POVO BRASILEIRO



A União da Juventude Socialista (UJS) homenageou em seu 16º Congresso estadual o presidente do PCdoB em Pernambuco, Alanir Cardoso. Dentre as falas de Luciana Santos, Marcelino Granja e tantos outros, a esposa de Alanir, Nevinha também deu um depoimento emocionante, assista!

CTB-PERNAMBUCO PARTICIPA DA CARAVANA POPULAR PELA DEMOCRACIA NO ESTADO


No início do mês de Julho, os setores que compõem a Frente Brasil Popular, organizaram uma grande caravana que percorreu por 12 municípios pernambucanos, realizando atividades políticas e culturais, a fim de denunciar o golpe e defender a ordem democrática no país, o retorno da presidente Dilma às atividades de chefe do Poder Executivo nacional e os direitos da classe trabalhadora.

Nesse roteiro de atividades participaram importantes movimentos sociais (do campo e da cidade) e sindicais, além de coletivos, fóruns e lideranças partidárias. Essa primeira etapa da Caravana Popular pela Democracia iniciou no dia 4 e terminou no dia 13 de julho, marcando a posição dos setores democráticos, progressistas e de esquerda nos principais municípios do Sertão, Agreste, Zona da Mata e Litoral.


E frente a esse conjunto de articulações e diálogo permanente com a sociedade, a CTB PERNAMBUCO se fez presente nos atos da Caravana, contribuindo com o debate acerca da conjuntura nacional e defendendo o restabelecimento da democracia e reafirmando que não podemos deixar que o país retroceda com a atual agenda de políticas neoliberais, posta pelos golpistas e pelo nosso parlamento conservador.

Encerramento da Caravana

No dia 13 de Julho (quarta-feira), as atividades da Caravana tiveram início com um grande ato político na cidade de Caruaru, que contou com a participação de vários movimentos sociais, sindicais e partidários, além do ex-presidente Lula, que após a passeata, também foi a um almoço promovido pelo MST no assentamento Normandia.

Após as atividades no agreste, a Caravana - ainda na quarta-feira - seguiu rumo ao Recife, para realizar o encerramento das atividades. Ainda contando com a participação de Lula, um ato político foi promovido que teve a presença de diversas organizações, como a CTB, CUT, MST, UNE, FETAPE,UBM, PT, PCdoB etc. e de parlamentares ligados às forças progressistas e de esquerda que atuam no estado.

Confira as cidades por onde a Caravana Popular Pela Democracia passou
Petrolina
Ouricuri
Salgueiro
Petrolândia
Serra Talhada
Afogados da Ingazeira
Arcoverde
Garanhuns
Surubim e Palmares
Caruaru
Recife

DESEMPREGO COMO TÁTICA DE COMBATE À VIOLÊNCIA


Por Wallace Melo Barbosa

A estratégia equivocada adotada pelo Grande Recife Consórcio de Transportes para reduzir o número de assaltos aos ônibus que circulam pela região metropolitana do Recife está deixando os pernambucanos mais inseguros.

Confesso que não compreendi a lógica apresentada. Revogar a função de cobrador e proibir a utilização do dinheiro em espécie nos coletivos, condicionando a utilização desses modais apenas àqueles que possuem o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) reduzirá a incidência de assaltos nos ônibus? Como assim? Retiram-se os cobradores e os assaltos serão reduzidos? Partindo desse raciocínio e cogitando uma não diminuição dos roubos nos coletivos, qual seria a próxima tática? Proibir os passageiros a utilizarem o transporte público? É bom lembrar que os usuários também sofrem com a violência dentro dos ônibus, mas essa questão, pelo visto não foi pautada na “fórmula” do Grande Recife.

De acordo com o sindicato dos rodoviários, de janeiro a junho houve aproximadamente 850 assaltos nos coletivos, desses, 415 foram notificados à Secretaria de Defesa Social (SDS), um número que, segundo as autoridades, já supera os casos ocorridos no ano passado, tomando por base o mesmo período.

E frente a tais constatações e ao clima de insegurança que assombra os cidadãos e cidadãs, as empresas de transporte urbano apresentam uma “saída mágica” para a questão baseada nos seguintes elementos: demissão dos trabalhadores (cobradores e cobradoras), proteção do seu patrimônio e maximização dos lucros. No que tange o primeiro ponto, falo por não acreditar no compromisso firmado pelo patronato em alocar seus funcionários em novas funções, capacitando-os para atuarem em outros setores da empresa. Sinceramente, esse discurso é pura utopia, pelo menos no âmbito da relação Capital e Trabalho.

Para além a esses engôdos, fico a me questionar sobre a opinião do Poder Público frente à resolução apresentada e pactuada pelo Grande Recife. Pois, nessa altura do campeonato, cabem aos órgãos estaduais – detentores constitucionais das prerrogativas acerca da segurança pública – a intervenção sobre esse debate enviesado a fim de impedir a materialização dessa lógica. Em nenhum momento o desemprego diminui a violência! O crime se combate com medidas enérgicas, preventivas e através de uma ampla inteligência investigativa.

E o combustível para esses caminhos são políticas públicas avançadas e que garantam, entre outras coisas, a estruturação do aparato policial (sobretudo na valorização profissional e na melhoria das condições de trabalho) celeridade judicial e uma reintegração social eficiente, efetiva e eficaz.

Cair nesses devaneios apresentados como possíveis soluções para a violência urbana é o mesmo que acreditar nas respostas “lombrosianas” da Itália no século XIX, ou seja, que o combate ao crime se estabeleceria a partir de fórmulas simples e deterministas. Mais do que nunca é preciso negar essas ilusões e nos colocarmos sempre numa posição questionadora e crítica a tais procedimentos mal arranjados, que escondem mais malícias do que soluções. Diante disso, nos resta desconstruir e enfrentar essas contradições e principalmente, lutar por uma cidade mais humana, democrática e livre do espectro maldito e cotidiano da violência.