FONTE: Diário de Pernambuco (25 de maio de 1979, nº 139) |
#SinproPernambuco #40AnosDaGreveDe79
Frente a um cenário político e econômico complexo e deveras desastroso, não é prejuízo rememorar neste ano, os 40 anos da primeira greve dos(as) professores(as), em pleno regime militar. O movimento aconteceu em Pernambuco, e mobilizou a rede pública e o setor privado, na luta por melhorias salariais e valorização profissional.
E, avaliando a literatura que trata sobre a questão, elenco quatro importantes lições, que o movimento grevista ocorrido em 1979 pode oferecer para a reflexão aos dias atuais.
Primeiramente, é oportuno, frisar que a construção do movimento paredista de 1979, se estabeleceu a partir da vontade e discussão da base dos(as) professores(as), a revelia da opinião e direcionamentos das direções, do sindicato dos professores (Sinpro/PE) e da associação dos professores do ensino oficial de Pernambuco (Apenope). Valorizo essa informação, haja vista fatos importantes à época.
Naquele dado período, as direções e as lideranças sindicais, em grande maioria, tinham tímidas e fracas relações com a categoria. Os pelegos, como denominados, atuavam mais em favor das demandas governistas e patronais, em detrimento a defesa de ganhos e conquistas de direitos da classe trabalhadora. No âmbito dos(as) professores(as), a realidade não era diferente.
Desta feita, percebido tal informação, é relevante valorizar essa participação e protagonismo das categorias em suas bases para construção do movimento que culminou na greve de 1979. Destaco esse fato, sobretudo para trazer a reflexão e demonstrar, aos dias atuais, o quanto o trabalho sindical nas bases tem o poder de implicar o mais qualificado acúmulo de forças, a fim de avançar na conquistas de direitos e valorização, como também na superação de obstáculos e opiniões divergentes às lutas.
Um segundo elemento, que detém singular importância, consiste na unidade da categoria, dentro do movimento grevista de 1979. A greve foi construída por professores(as) do setor privado e da rede estadual de ensino. Ambos reivindicavam melhorias nos salários e nas condições de trabalho.
Nesse contexto, é válido destacar esse contexto de união entre dois segmentos de uma mesma categoria, como uma tática acertada e que nos remete a reflexão sobre a importância da unidade, mesmo nas quadras mais adversas, para a construção das conquistas sociais à classe trabalhadora.
A terceira lição dos mestres de 79 aos dias contemporâneos, se dá, pela questão da politização do movimento. Como percebeu Lênin, no inicio do século XX, na condição de analista dos movimentos operários, as greves são fatos políticos! Elas "ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem aguentar a luta contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial".
A terceira lição dos mestres de 79 aos dias contemporâneos, se dá, pela questão da politização do movimento. Como percebeu Lênin, no inicio do século XX, na condição de analista dos movimentos operários, as greves são fatos políticos! Elas "ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem aguentar a luta contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial".
Dentro das bandeiras defendidas pelos professores em 1979, percebemos a defesa, não apenas de melhores salários e condições de trabalho, e especificamente na rede pública, o direito à escolha eletiva dos diretores das escolas, mas também, o movimento elencava a necessidade de eleições à presidência do Brasil. Em anos de ditadura e repressão, a educação em Pernambuco gritava por democracia no país.
E o derradeiro ensinamento da greve de 1979 se deu pela coragem e disposição dos(as) professores(as) em fazerem o enfrentamento ao aparato jurídico-militar da ditadura. Um ato de ousadia, que não foi percebido apenas no movimento dos(as) educadores(as), mas também nesse mesmo ano, os médicos e os motoristas de ônibus também reivindicaram seus direitos, paralisando suas atividades laborais.
Esse fato, junto aos demais pontos destacados, nos mostra, o quanto, mesmo diante um cenário complexo e turbulento, a organização da classe trabalhadora, pode fazer eclodir valiosos episódios de conquistas e mudanças sociais. A greve de 1979, mesmo após quatro décadas, permanece viva na memória de muitos professores e professoras, que naquele mês de maio, tomaram as ruas, dialogaram com as famílias, mobilizaram seus pares e gritaram por conquistas e democracia.
Atualmente, muitos dos “heróis e heroínas de 1979”, permanecem militantes e atentos à conjuntura política dos dias contemporâneos. Mas, naquele momento, sem dúvidas, suas contribuições foram singulares ao movimento operário, pois romperam com o silêncio, o medo e a opressão da ditadura, a fim de construir um novo horizonte para o país.
E hoje, não há outro sentimento, em relação a todos e todas, que participaram da greve de 1979, se não, o da gratidão! Seus ensinamentos são ímpares e devem permanecer vivos no seio de toda classe trabalhadora, pois a luta nos ensina, nos inspira e nos devolve a capacidade de sonhar. E assim, que permaneçamos mobilizados, unidos e ousados! Outras primaveras estão por vir!