FECHAMENTO DA CENTRAL DE TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA DO HEMOPE(CTMO)
NOTA PÚBLICA
As entidades abaixo signatárias, integrantes da Frente Pernambucana em Defesa do SUS e Contra a Privatização na Saúde, em face da nota oficial do Secretário de Saúde do Estado de Pernambuco de conteúdo assustador sobre o Centro de Transplantes de Medula Óssea do Hemope, vem a público esclarecer:
1. O HEMOPE, patrimônio material e imaterial do povo pernambucano, é uma instituição pública de reconhecimento internacional, tendo sido um dos dois hemocentros de referência nacional. É serviço público de excelência que, nos últimos anos, veio sofrendo um processo de esvaziamento, com subcusteio, carência constante de materiais e medicamentos e falta de profissionais que não são repostos por concurso sendo contratados precariamente. Apesar das denúncias constantes, tanto de servidores quanto de pacientes usuários, as condições inadequadas persistem.
2. Os profissionais do Hemope sempre foram exemplo de dedicação, formação profissional e bons resultados. Nesse contexto, o CTMO constitui-se em grupo à parte, altamente especializado, singularmente sensibilizado, diferente do que o secretário de saúde procura mostrar através de nota no jornal, onde o mesmo desqualifica a aquipe do CTMO e por tabela o Hemope. A equipe do CTMO mantém com seus pacientes um serviço cujos pacientes SUS tem acesso ao telefone celular de seus médicos. Onde o apoio humano caminha holisticamente junto ao tratamento material. O secretário só pensa no vil metal, o CTMO pensa na saúde física,mental e social do paciente e isso incomoda o secretário.
3. O CTMO possui apenas três leitos planejados para realizar 22 transplantes por ano, além de também internar as intercorrências desses pacientes. Historicamente, não vem atingindo o número máximo de transplantes porque os gestores não têm proporcionado as condições adequadas. Tanto é, que no ano em que foram dadas condições menos ruins, de 22 realizou 17 transplantes. E como o objetivo público não é o lucro, mas a vida, os pacientes não são abandonados quando complicam, sendo atendidos e/ou internados no próprio serviço sempre que necessário. A mesma equipe os acolhe e trata. Por outro lado, esta mesma equipe de 43 trabalhadores, trabalha com um déficit de 8 profissionais. Mas se desdobra em três setores: o internamento, o hospital-dia e os ambulatórios de pré e pós transplante, o que demonstra o compromisso total desses profissionais.
4. Por outro lado, a logística da UTI para o transplante é outra, diferente da UTI geral: o CTMO funciona com filtro HEPA, que filtra 99.9% das partículas suspensas no ar, conferindo maior segurança aos pacientes. Esta mesma UTI específica funciona em regime de isolamento, isto é, um leito por ambiente. Os hospitais privados não querem ter este custo.
5. A afirmação de que o custo de um transplante no Hospital Português custa 33 mil reais e o mesmo procedimento no Hemope custaria 700 mil reais NÃO se sustenta nem para um leigo na área! Provaria, tão-somente, a incompetência da gestão e o seu “descuido” com o erário público, posto que a direção do Hemope é indicada politicamente, e o controle, acompanhamento e fiscalização são atribuições do governo. Ou o governo não quer bem administrar, ou deseja desmoralizar o serviço público com o intuito de privatizá-lo.
6. Os servidores do CTMO, apesar do serviço nunca ter assegurado um centro de custos, negam os tais custos astronômicos com os transplantes, e indagam do presidente do Hemope, surdo-mudo até o momento, e do secretário de saúde Antonio Carlos Figueira onde foram gastos tais recursos. E pedem auditoria do TCE, do Ministério Público, do Ministério da Saúde. Acrescentamos até da Polícia Federal.
7. E qual a alternativa que o secretário oferece aos mais de 70 pacientes da longa fila de espera? A construção do novo setor, no Hospital do Câncer – instituição privada que a qualquer momento poderia suspender o atendimento pois não tem a obrigação precípua – para funcionar em 2013. Será porque as doenças destes cidadãos irão deixar de progredir e lhe ceifar a vida, esperando o tempo do secretário?
8. Se o espaço físico do CTMO é insuficiente para ampliar a oferta deste serviço essencial, que o mesmo seja ofertado como referência estadual em hospital público, e executado pela mesma equipe de profissionais abnegados do Hemope. A política pública tem que ser organizada, estruturada e referenciada a partir do setor público.
9. Por fim, o comunicado trás informações falsas e tem um propósito: aniquilar o serviço público. Estamos diante de um projeto de privatização no estado, cujo protagonista é empresário da saúde do IMIP, que desrespeita a constituição federal e as leis do SUS. O dinheiro do SUS está indo para o IMIP e a Igreja. O fechamento do CTMO representa apenas mais uma investida. Este projeto se materializa pela montagem de um império chamado IMIP – que começa na Ilha do Leite, ocupando uma área quadrada maior do que a de qualquer outro hospital privado – e se espalha nos quatro hospitais recém-construídos, mais de 10 UPAs na capital e no interior, Centro de Nefrologia em Salgueiro, Hospital Dom Malan em Petrolina e, na agulha também está, o Hospital Regional de Ouricuri atualmente sob condução da organização social Santa Casa. Além, é claro, do CTMO – pois o IMIP está com vários leitos quase prontos. Tinha até data marcada para inauguração (29.11.11). Para receber a parte de maior remuneração desta assistência; a parte pior remunerada seria encaminhada, é claro, para o setor público. É a lógica privada. Em toda sua plenitude, sob a batuta de quem é diretamente interessado, aloca recursos, autoriza despesas e é fiscalizador de si mesmo.
10. O IMIP, além do estado, chega ainda aos importantes hospitais regionais de Paulo Afonso e Juazeiro, na Bahia. Aqui, novamente, fala-se até no controle do Hospital dos Servidores do Estado/PE.
11.Vemos, nesse projeto, a vontade atuante de controlar o setor público de saúde independente dos governos. Além de ilegal, desmonta o aparelho de estado, atingindo, em cheio, o interesse e o patrimônio público, além de desconstruir direitos sociais.
12. A FrentePE exige que o conselho estadual se posicione, sob pena de cumplicidade, principalmente depois que um dos seus membros declarou durante a conferência estadual de saúde apoio ao projeto privatizante cujo objetivo é a busca pelo vil metal ao custo da saúde e vida humanas.
PS: Pedimos desculpas pela omissão, no último comunicado, da mencionar a presença dos valorosos companheiros do sindicato dos farmacêuticos e dos enfermeiros, no ato do Dia 25.10, no HR.
Junte-se ao Grito dos que dizem não, a esse processo escancarado de privatização da saúde pública no Estado de Pernambuco!
“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons".
“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons".
Martin Luther King
Visite a página da FrentePE www.frentecontraprivatizacao.com.br
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