Ação desenvolvida pelo Programa Paulo Freire, da Secretaria de Educação do Estado, quer alfabetizar mil pessoas que atuam nesses espaços, na capital e no interior, além de moradores de áreas vizinhas
Terreiros de umbanda da capital e do interior serão transformados em salas de aula. A meta é alfabetizar mil pessoas que atuam nesses espaços, além de moradores de comunidades vizinhas. A iniciativa desenvolvida pelo Programa Paulo Freire, da Secretaria de Educação do Estado, tem apoio do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Cepir). O plano busca promover o aumento de escolaridade da população afro-descendente.
O programa é direcionado para analfabetos, a partir de 15 anos. O diferencial do projeto está nas aulas, pois o processo será realizado por educadores populares. “O programa tem como objetivo fortalecer as comunidades de origem africana. Por isso, é importante que os alfabetizadores sejam pessoas com vínculo social estabelecido com a localidade”, explica a coordenadora-executiva do Programa Paulo Freire, Vera Capucho. Para isso, os potenciais professores serão identificados nas comunidades, respeitando o perfil e nível de escolaridade exigido para a função.
O projeto encontra-se na fase inicial. No momento, estão sendo realizados o mapeamento e o credenciamento dos terreiros, que sediarão a capacitação. O Cepir também localizará os voluntários que atuarão como alfabetizadores. Para participar, é necessário ter magistério e, em regiões de vulnerabilidade social ou áreas de difícil acesso, é obrigatório o ensino médio completo.
Manoel do Nascimento Costa, conhecido como Manoel Papai, babalorixá do Centro de Cultura Afro Pai Adão, realizou, em 2002, pesquisa no Grande Recife. Resultado: baixo índice de escolaridade das pessoas de comunidades de religião afro. “Num universo de 100 terreiros, apenas cinco pessoas tinham ingressado na universidade.”
ATIVIDADES:
As aulas, com início em outubro, terão duração de oito meses. serão ministradas de manhã, à tarde e à noite. A capacitação vai se basear na proposta pedagógica do Programa Paulo Freire, com foco nos direitos humanos e no incentivo da integração racial.
“A alfabetização nos terreiros é de grande valor para o nosso povo, pois muitos não tiveram a oportunidade de estudar. Vejo isso como uma ação de reconhecimento com nossa comunidade”, ressalta o babalorixá do terreiro Casa Amarela D’Oxum, Cleyton de Oxum Aladê.
Para o historiador e membro do terreiro Xambá, Hildo Leal da Rosa, a maioria dos não alfabetizados é composta por pessoas idosas, que muitas vezes, têm vergonha de ingressar na escola. Além disso, existe o preconceito em torno dos adeptos de religiões afro.
Os terreiros interessados em sediar turmas de alfabetização devem procurar o Cepir para mais informações. A primeira etapa do projeto apoia a formação de turmas em espaços já cadastrados. O investimento do Programa Paulo Freire é de aproximadamente R$ 380 mil, resultado da parceria entre os governos estadual e federal. O valor será liberado mediante o cumprimento da meta do cadastramento de mil pessoas.
Por: Marcela Balbino
Publicado em 20.03.2011
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