Congresso da UBM quer mulher na política e salários maiores

 “Mais Democracia, Mais Poder para as Mulheres e o Brasil Avançar” foi o primeiro tema debatido no segundo dia do 9º Congresso da UBM, que foi realizado em Luiziânia (GO). A realização das eleições gerais no país foi destacada como elemento importante no debate realizado pela UBM, que defendem maior participação das mulheres nos espaços de poder. No debate sobre autonomia econômica, que se segui, as reivindicações reagiram sobre salários maiores.  

O evento, aberto na noite da última quarta-feira (4), em Brasília, reunio delegadas de todos os estados do Brasil O tema, apresentado pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), coordenadora da bancada feminina na Câmara; a educadora Olgamir Amancia e a representante da UBM-SP e Unegro, Flavia Costa , apontou para a luta das mulheres para ampliar seus espaços de poder e, principalmente, a construção de programas avançados que tratem das reformas estruturais, como para a reforma política, que contemplem o atendimento de reivindicações das mulheres.

As mulheres também discutiram a necessidade de, ao mesmo tempo, procurar lançar maior número de candidaturas femininas e, durante as campanhas eleitorais, incluir nos debates as bandeiras feministas e a organização para continuar lutando por tais bandeiras depois de passadas as eleições. 

A deputada Jô Moraes lembrou as diversas campanhas que estão sendo promovidas para garantir uma maior participação das mulheres nas eleições deste ano como forma de chamar atenção da sociedade para essa pauta.

A conclusão é de que a luta na campanha eleitoral deve destacar a quarta vitória do povo brasileiro neste novo ciclo político iniciado no começo do milênio, reelegendo a presidenta Dilma Rousseff, para avançarmos ainda mais no desenvolvimento do país e na conquista de mais direitos para as mulheres e os trabalhadores. 

Situação desigual

As brasileiras são 51% da população brasileira e do eleitorado, mas apenas 9% do Congresso Nacional são mulheres. Negros e negras representam somente 8% na casa legislativa, destacam as ubmistas, para que as manifestações de junho do ano passado demonstraram a insatisfação com o sistema político de representação.

As mulheres defendem uma reforma política para o aperfeiçoamento da democracia, que passa obrigatoriamente por mecanismos que assegurem às mulheres mais condições de disputar os espaços de poder. 

“No Brasil, estamos em condições muito aquém do que já se progrediu em países como Equador, Costa Rica e Bolívia. Isto num país que já se alçou ao patamar de sexta economia do mundo. Neste item, o da igualdade de gênero na política, o Brasil está em 106º lugar entre 187 países”, destacou a presidenta da UBM, Elza Campos, em meio ao debate.

Na defesa pelo socialismo, que pontuou toda a discussão das mulheres, elas destacaram que muitos entraves precisam se vencidos em reformas mais profundas, democráticas e estruturantes. “Uma destas é a reforma política, que torne a política mais representativa do povo e das mulheres, assegurando o fim do financiamento privado de campanha, a garantia da paridade de mulheres nas listas pré-ordenadas partidárias com alternância de gênero e cotas de 50% de mulheres para todas as casas legislativas do Brasil”, defenderam em uníssono as ubmistas.

Autonomia econômica

A segunda mesa de debate abordou o tema Trabalho e Autonomia Econômica, que foi apresentado pela secretária Especial de Politicas para as Mulheres do Rio de Janeiro, Ana Rocha; a representante da UBM no Conselho Nacional de Direito das Mulheres (CNDM), Lucia Rincon e a representante da Secretaria de Politicas para as Mulheres (SPM), Beatriz Gregory.

Para as debatedoras, a desigualdade no trabalho é uma grande preocupação das mulheres. A avaliação é de que o ingresso da mulher no mercado de trabalho formal significou um grande avanço, mas que essa inserção é marcada pela desigualdade e pela dupla jornada. 

O debate girou em torno das medidas que devem ser adotadas, como a implantação d e políticas públicas, para superar essa questão. As mulheres destacaram que além da construção de um em que homens e mulheres sejam, ambos, provedores e cuidadores, a realidade aponta para um percentual de 40% dos lares brasileiros chefiados por mulheres, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

Para Ana Rocha, a solução dessa equação não pode ficar na mão das mulheres, mas que é também uma responsabilidade do Estado e da sociedade.

Salários maiores

Outra luta das mulheres que precisam ser enfrentadas com legislação e políticas públicas é a superação das desigualdades que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, que se reflete principalmente em salários mais baixos. Em média, a remuneração feminina corresponde a 70% da masculina. 

“Não há dúvida de que são as mulheres com menor remuneração que enfrentam em maior grau a dupla jornada de trabalho”, diz Ana Rocha, enfatizando a necessidade de investimento público para enfrentar essa situação, “que não pode ser responsabilidade da mulher ou de sua escolha pessoal”, enfatiza.

No debate, as ubmistas apontam como solução para o enfrentamento da situação mais investimentos para ampliação de creches e escolas de tempo integral, mais espaços de qualificação, acesso a crédito para o empreendedorismo feminino, políticas de previdência social para as mulheres e seu maior acesso à documentação civil, além de equipamentos sociais que contribuam para aumentar o tempo disponível das mulheres. 

As mulheres também destacaram a necessidade de criação de mecanismos institucionais para barrar qualquer relação de trabalho discriminatória em razão de sexo, raça-etnia, orientação sexual, geração ou deficiência ,com equidade salarial e no acesso a cargos de direção. 

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