Publicado em 20.02.2011.
Por Gabriela Bezerra.
Prefeito praticamente não tem opositores no terceiro maior colégio eleitoral de Pernambuco. Com livre trânsito junto a lideranças do governo federal, ele consegue captar recursos para o município
Sem oposição e contando com muitos recursos federais. Esse é o cenário atual de Olinda, uma cidade historicamente com baixa arrecadação, mas que tem investido na captação de recursos como forma de garantir o desenvolvimento. Prefeito do terceiro maior domicílio eleitoral do Estado, o alagoano Renildo Calheiros (PCdoB) goza de uma Câmara inteiramente governista e tem nas obras do município o grande trunfo para o projeto de reeleição em 2012 – que não assume, mas também não descarta.
Com a experiência de ter sido deputado federal por três vezes (1991, 2003 e 2007), exercendo, inclusive, a vice-liderança do governo Lula (PT) durante quatro anos, Renildo tem trânsito livre em Brasília. É na Capital Federal que o prefeito consegue as verbas para as obras.
Com orçamento anual de pouco mais de R$ 200 milhões, as obras não seriam possíveis. “Nas atividades que desempenhei em Brasília, estive em contato com muitas pessoas importantes do governo. Então, sou atendido quando ligo para elas e sou recebido quando vou a Brasília. É uma relação que favorece a cidade.”
A revitalização da orla, por exemplo, orçada em R$ 23 milhões e que deve ser concluída em novembro, é resultado de uma parceria entre o Ministério do Turismo (R$ 20 milhões) e o governo do Estado (R$ 3 milhões).
Além da situação favorável no plano nacional e estadual, Renildo desfruta do massivo apoio dos vereadores do município. Dos 17 membros eleitos em 2008, 15 integravam a coligação Olinda Frente Popular, que elegeu o prefeito. Os outros dois, do PTB, já durante a campanha sinalizavam apoio, mas a candidatura majoritária de Arlindo Siqueira (ex-PTB, atual PSL) frustrou a aliança imediata.
Contudo, no início da legislatura, o clima de união tomou conta da Câmara. “Graças a Deus, todo mundo é unido. Nunca gostei de briga”, comenta Mizael Prestanista (PSB), o vereador mais votado na última eleição.
Se por um lado a ausência de oposição no Legislativo gera estabilidade na governança, como acredita a ex-prefeita da cidade Luciana Santos (PCdoB), por outro fragiliza a gestão. “Onde não há discussão, não pode haver mudança. Ninguém acerta tudo”, avalia Jacilda Urquisa (PMDB), que governou Olinda entre 1996 e 2000.
Tanto os vereadores quanto o próprio Renildo garantem que, apesar de marcharem unidos, “não há submissão” dos parlamentares ao Executivo. “Não é porque a gente é da base aliada que estamos ali para balançar a cabeça. O prefeito, inclusive, nunca pediu isso”, garante o presidente da Câmara, vereador Marcelo Soares (PCdoB).
Fora da Câmara, a oposição também não reverbera. Arlindo Siqueira, que rivalizou com Renildo na última eleição, tem assumido um discurso alinhado com a gestão: “Queremos uma cidade melhor. Se a gente conseguir isso com o governo, vamos nos unir”. Ele está avaliando a forma de fazer política e ressalta que não precisa de um mandato para contribuir com a cidade.
Fragilizada em virtude das últimas derrotas políticas, a tradicional opositora da gestão do PCdoB Jacilda Urquisa está afastada da cena. No entanto não descarta a possibilidade de concorrer no pleito do próximo ano. “Não vamos fugir do trabalho que temos com o município”, afirma.