Os Beneficiários do Minha Casa Minha Vida ganham mais. Já os Construtores...

Mudança na regra do Minha casa, minha vida já provoca demissão

Publicado em 18.02.2011, às 07h05
Viviane Barros Lima

As pequenas construtoras de Paulista vão demitir cerca de 3 mil funcionários nesta sexta-feira (18) por causa da mudança feita no programa Minha casa, minha vida. A Caixa Econômica Federal (que opera o programa) determinou que todas habitações incluídas no Minha casa têm que ser erguidas em ruas calçadas e saneadas. A Associação dos Construtores de Paulista, que reúne cerca de 200 pequenas empresas responsáveis pela construção de cerca de 2.500 casas, informa que o setor não tem condições de manter os trabalhadores. Algumas empresas vão enxugar o quadro pela metade e deixar o número de trabalhadores suficiente para terminar a obra. Outras vão parar a construção e demitir todo mundo.

A Caixa informou em nota, ontem, que as pessoas que já tiveram o crédito aprovado pelo banco e que vão comprar imóveis avaliados até o último dia 11, não serão afetadas pela nova medida. Entretanto, a maioria dos imóveis erguidos pelas construtoras de Paulista ainda não foi avaliada pela CEF.

As empresas alegam que foram surpreendidas pela determinação da Caixa e que até o último dia 11, o programa não fazia essa exigência. “A gente construía sem problema. Quando a moradia estava pronta, a Caixa aprovava o crédito para o cliente. Não temos condições de pavimentar as ruas. É uma obra cara. Em Paulista, 80% das vias não são calçadas”, explica o presidente da associação, Fernando Sabino Pinho.

Segundo ele, a medida é injusta com as construtoras porque o programa mudou de repente, sem aviso da Caixa nem prazo de carência para adaptar as obras. “Nós seguimos todas as regras da Caixa. Para financiar um cliente nosso, ela avalia a documentação do cliente, do imóvel e da empresa. Tudo tem que estar legalizado e de acordo com as normas. Não somos aventureiros”, informa. Antes do financiamento ser liberado, a Caixa faz uma avaliação técnica da residência e determina o valor do imóvel.

Entre os trabalhadores que serão demitidos estão serventes, pedreiros, encanadores e eletricistas. A maioria é de Paulista, mas algumas construtoras também contratam gente de cidades vizinhas. “O salário é bom. Quem ganha menos é o servente, que recebe R$ 600”, completa.

Já os compradores das casas têm renda média de R$ 900. A maioria ganha até R$ 1.300 e está enquadrada na faixa que recebe o subsídio de R$ 17 mil. A prestação começa em cerca de R$ 180 e é decrescente. “É gente muito humilde, que trabalha como motorista de ônibus ou empregada doméstica, por exemplo”.

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