"A casa do povo" repleta de discriminação

Evangélicos atacam Frente Parlamentar LGBT da Assembleia Legislativa

Da Folha de Pernambuco

Mesmo sem se tratar de iniciativa inédita na Casa de Joaquim Nabuco, o requerimento 50/2011 para criação da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) gerou reação, ontem, da bancada evangélica. Já era perto das 17h quando o deputado Manoel Ferreira (PR) - membro da Frente pela Família - foi à tribuna combater a iniciativa do deputado Daniel Coelho (PV) de propor a recriação do agrupamento que, na legislatura passada, era encabeçado pelo secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento (PT).

Para o republicano, a Frente LGBT “não tem sentido nenhum”. Em sua análise, a discussão do tema caberia às comissões, a exemplo de Direitos Humanos. “Um assunto dessa natureza ser discutido no plenário, quando tem muitos outros assuntos para tratar (...). Poderia ser criado um grupo de deputados para conhecer o Complexo de Suape, tantas indústrias chegando, discutir as questões da cheia. Agora, discutir problemas sobre homossexuais...”, contestou Ferreira.

Em defesa da causa LGBT, o deputado Silvio Costa Filho (PTB) cobrou o voto do republicano na questão ao que obteve um sonoro “não”. O petebista ressaltou o “momento de democracia” vigente. E questionou Ferreira: “Existe dentro da igreja homossexuais ou não? E eles são tratados de forma desigual por acreditar no mesmo Deus que o senhor?”. O democrata Tony Gel engrossou o coro, lembrando que Cristo disse “vinde a mim do jeito que estás”.

O debate levou mais dois membros da bancada evangélica à tribuna: os recém-ingressos presbítero Adauto (PSB) e Odacy Amorim (PSB). O primeiro retificou Gel, lembrando que Cristo disse “vinde a mim, mas mudais”. “Não pode continuar no mesmo vício”, acrescentou Adauto. Odacy lamentou que a discussão tenha exposto “de forma prematura quem de fato é religioso e o contrário”. E julgou lamentável ainda que a “disputa estimulada pelo voto” torne o debate “voltado para interesses pessoais”.

Autor do requerimento que desencadeou a polêmica, Daniel Coelho registrou ter conseguido 28 assinaturas dos 35 deputados presentes em plenário quando as recolheu. O valor é suficiente para aprovar a Frente Parlamentar, a sexta a ser protocolada. A proposta, porém, ficou para hoje, por falta de quórum.

Pelo regimento, assim como comissões especiais e CPIs, apenas quatro Frentes são permitidas. Para criação das demais, o plenário precisa votar por maioria absoluta (25). Ontem, foi aprovada a Frente Parlamentar de Comunicação, solicitada pelo deputado Ricardo Costa (PTC). Anteriormente, já haviam sido formalizadas: Interiorização (Rodrigo Novaes), Comércio Varejista (Tony Gel), Micro e Pequenas Empresas (Sérgio Leite) e Família (Cleiton Collins).

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